terça-feira, 31 de março de 2009

O VALE DA INQUIETUDE

Dantes, silente vale sorria.
Era um vale onde ninguém vivia.
Haviam todos partido em guerra,
deixando os doces olhos de estrelas
noturnamente velarem pelas
flores formosas daquela terra,
em cujos braços, dia após dia,
a luz vermelha do sol dormia.
Não há viajante que, hoje, não fale
sobre a inquietude do triste vale.
Lá, agora, tudo é só movimento,
exceto os ares, pesando, adustos,
nas soledades de encantamento.
Ah! nenhum vento move os arbustos
que vibram como as ondas geladas
em torno às Hébridas enevoadas!
Ah! nenhum vento essas nuvens guia,
murmurejantes, nos céus insanos,
e que se arrastam, por todo o dia,
sobre violetas, que alguém diria
serem milhares de olhos humanos,
e sobre lírios, de haste pendida,
chorando em tumba desconhecida,
tremendo; e sempre caem, com o perfume,
gotas de orvalho do flóreo cume,
chorando; e desce, nas hastes frias,
um pranto eterno de pedrarias.

Edgar Allan Poe

domingo, 29 de março de 2009

Analfabetismo funcional

Diz-se analfabeto funcional toda pessoa que sabe escrever o próprio nome, realiza cálculos e frases simples, porém não consegue interpretar o que lê dificultando assim a realização de tarefas do cotidiano e prejudicando o desenvolvimento pessoal e profissional desse indivíduo, infelizmente o número de analfabetos funcionais é imenso em nosso país, calcula-se que um em cada quatro brasileiros consegue desenvolver as habilidades de escrita e leitura para continuar aprendendo.
Mas o que fazer para melhorar esse quadro alarmante? O caminho sem dúvidas é a educação, mas devemos estar atentos pois, aumentar para nove anos o ensino fundamental não irá resolver o problema, precisamos de qualidade e não quantidade. Qualidade não só na rede de ensino, mas também nos cursos de formação de professores onde universidades sucateadas que não dão conta de atender as reais necessidades da sociedade no que se refere a formação de professores capacitados para mudar esse panorama decepcionante da educação em nosso país, desmotivando assim aquele que têm o poder de fazer a mudança acontecer.
Infelizmente o que se observa na realidade brasileira são analfabetos com diplomas, o que é resultado da má administração em torno da educação, temos que mudar isso, o incentivo a leitura deve ser o foco, também trabalhar atividades que estimulem o pensamento lógico e tudo que possa ajudar a exercitar a capacidade intelectual de nosso povo tão sofrido.

Marcos A.G

As Brumas de Avalon - Volume 1




A Senhora da Magia
O romance não se detém meramente em narrar os fatos políticos e religiosos que se confrontam na Bretanha.
Mais que isso, Marion - famosa por suas histórias que descobrem o véu do universo feminino - mostra toda a força e complexidade dos atos e escolhas das mulheres (ignoradas na História das Civilizações)- abre portas na lenda da Excalibur em que se encontram o misticismo da origem da espada, ritos pagãos que foram sufocados pela cristianização, a importância das uniões políticas entre os povos e o resultado da submissão ou não das mulheres frente aos homens.
Neste volume temos os fatos que servirão de fundo para o romance:
o papel da mulher, importância e conseqüência dos casamentos arranjados
o choque de culturas e poderio dos sexos
como eram realizadas as sucessões de trono
o ritualismo pagão para a ascensão do novo rei
o simbolismo por trás de entrega da sagrada espada
a ascensão de Arthur ao trono, após a morte de Uther
Morgana concebe um filho de Arthur.

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Vol. 1
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O diário de Anne Frank



No dia 12 de junho de 1942, quando Anne completou 13 anos de idade, ela recebeu de presente um caderno para diário, revestido de tecido xadrezado vermelho e verde e fechado por um fecho simples, sem chave. Nesse mesmo dia ela escreveu:
”Espero poder contar tudo a você, como nunca pude contar a ninguém, e espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda.” (12 de junho de 1942).


Anne queria manter correspondência com pessoas do mundo externo, o que era extremamente perigoso e a obrigou a criar amigos imaginários para quem escrevia cartas em seu diário. Com o tempo ela restringiu essas cartas para apenas uma “amiga”: Kitty.
Em seis meses ela tinha preenchido o primeiro caderno, passando para um segundo que se perdeu, e mais dois cadernos. Esses ficaram conhecidos como versão "A". Em março de 1944, depois de ter ouvido uma transmissão na rádio inglesa de Gerrit Bolkestein, membro do governo holandês no exílio, convidando os cidadãos a preservarem suas histórias de guerra, Anne, decidiu que assim que a guerra terminasse, ela publicaria um livro baseado em seu diário (até então ela escrevia seu diário estritamente para si própria).
”Querida Kitty,O ministro Bolkkestein, falando no noticiário holandês transmitido da Inglaterra, disse que depois da guerra farão uma coletânea de diários e cartas que falem da guerra. (...) Imagine como seria interessante se eu publicasse um romance sobre o Anexo Secreto.Sério, dez anos depois da guerra as pessoas achariam muito interessante ler como nós vivemos, o que comemos e sobre o que falamos como judeus escondidos.”(29 de março de 1944)

A partir de maio de 1944, em um período de dois meses e meio, Anne começou a revisar fervorosamente seu diário com o intuito de publicá-lo (em 4 de agosto do mesmo ano, data em que os moradores do Anexo foram presos pelos nazista, Anne ainda não tinha completado sua revisão) . Essa ficou conhecida como a versão "B".Depois que o Anexo foi invadido de surpresa pela polícia nazista em 4 de agosto de 1944, Miep e Bep Voskuijl subiram até o esconderijo e encontraram os cadernos e anotações de Anne espalhados pelo chão.Miep os guardou (sem nunca tê-los lido) com o intuito de entregá-los para Anne quando a menina voltasse. Quando a guerra terminou e Miep soube que Anne tinha morrido, entregou o material para Otto Frank, recém chegado em Amsterdam dos campos de concentração com as seguintes palavras: “aqui está o legado de sua filha Anne para você”.

Regularmente, Otto passou a traduzir para o alemão trechos do diário da filha, para anexá-los junto com as cartas que mandava para sua mãe residente na Basiléia (Suiça).No dia 3 de abril de 1946, um jornal alemão noticiou a existência do diário de Anne.
Em 1947, Otto Frank, encorajado pelos amigos, decidiu publicar uma versão de “B” com muitas modificações. Com o título, que já tinha sido escolhido por Anne, “O Anexo Secreto”, o livro foi publicado na Holanda pela primeira vez em junho de 1947.

Título original: "Het Achterhuis".
O diário de Anne traduzido para vários idiomas.
Com uma edição inicial de 1500 cópia, “O Anexo Secreto” foi traduzido e publicado em mais de 60 linguas, sendo um dos livros mais lidos no mundo..
Um texto teatral baseado no diário foi escrito com a colaboração de Otto Frank, estreando em Amsterdam no dia 27 de novembro de 1956; também foi feito um filme, cuja première aconteceu no City Theatre de Amsterdam em abril de 1959. Pelo o que se sabe, Otto jamais quis ver a peça ou o filme.
Em 1986, o Instituto de Documentação de Guerra de Amsterdam, que tinha recebido a custódia dos diários, publicou a chamada edição crítica, comparando as versões, com análise científica, para provar que os diários de Anne foram escritos por ela mesma, nos anos de 1942-1944, enquanto estava escondida, o que comprovou para sempre a autenticidade do Diário de Anne Frank. Uma nota de rodapé para a versão "A" reconhecia a omissão, a pedido da família, de um trecho de 47 linhas que apresentava um "quadro extremamente impiedoso e particularmente injusto do casamento dos seus pais". Mas, na versão B, não houve menção a nenhuma parte faltante - as 47 linhas de revisão que Frank tirou. Em 1995, a editora Doubleday, agora parte da Random House, apresentou uma "edição definitiva" para lembrar o 50º aniversário da morte de Anne na qual incluiu 30% a mais de material do que Otto Frank tinha permitido na versão "C" originalmente publicada. Mas a edição definitiva também não tinha os trechos de revisão que agora apareceram. A descoberta recente das novas páginas do diário causou confusão na Random House que afirma que qualquer providência para republicar o livro com o material até então omitido terá de esperar por uma resolução de questões jurídicas. A Doubleday, que tem os direitos de publicação do diário em capa dura para a América do Norte, e a Bantam, que tem os direitos para publicação na forma de brochura, não pretendem pagar uma quantia extra para republicar o livro com o novo material.Peter Romijn, chefe de pesquisa do Instituto de Documentação de Guerra, disse que uma nova impressão da edição crítica já estava programada e agora deve incluir o novo material. Recentemente Melissa Muller ficou sabendo que não teria permissão para citar o novo material no seu livro, decisão que atribui a problemas comerciais, assim como um esforço equivocado de proteger Otto Frank.


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sexta-feira, 27 de março de 2009

O burro

Vai ele a trote, pelo chão da serra,
Com a vista espantada e penetrante,
E ninguém nota em seu marchar volante,
A estupidez que este animal encerra.

Muitas vezes, manhoso, ele se emperra,
Sem dar uma passada para diante,
Outras vezes, pinota, revoltante,
E sacode o seu dono sobre a terra.

Mas contudo! Este bruto sem noção,
Que é capaz de fazer uma traição,
A quem quer que lhe venha na defesa,

É mais manso e tem mais inteligência
Do que o sábio que trata de ciência
E não crê no Senhor da Natureza.


Patativa do Assaré

terça-feira, 24 de março de 2009

Necrológio dos desiludidos do amor

Os desiludidos do amor
estão desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.

Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todas as providências
para o remorso das amadas.
Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas os veremos
seja no claro céu ou no turvo inferno.

Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes corações eles possuíam.
Vísceras imensas, tripas sentimentais
e um estômago cheio de poesia...

Agora vamos para o cemitério
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados completamente
(paixões de primeira e de segunda classe).

Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Única fortuna, os seus dentes de ouro
não servirão de lastro financeiro
e cobertos de terra perderão o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba
bravo, violento, sobre a tumba deles.



Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 23 de março de 2009

Emyli Dickinson......Bela de Amherst

Primeiro Ato é achar,
Perder é o segundo Ato,
Terceiro, a Viagem em busca
Do “Velocino Dourado”

Quarto, não há Descoberta —
Quinta, nem Tripulação —
Por fim, não há Velocino —
Falso — também — Jasão.

Tradução: Paulo Henriques Britto


Finding is the first Act
The second, loss,
Third, Expedition for
The “Golden Fleece”

Fourth, no Discovery —
Fifth, no Crew —
Finally, no Golden Fleece —
Jason — sham — too.

Emily Dickinson

It's all I have to bring today

It's all I have to bring today --
This, and my heart beside --
This, and my heart, and all the fields --
And all the meadows wide --
Be sure you count -- should I forget
Some one the sum could tell --
This, and my heart, and all the Bees
Which in the Clover dwell.


Emily Dickinson

sexta-feira, 20 de março de 2009

A partida do meio ambiente

(Autor: Antonio Brás Constante)


Desde o tempo em que os misteriosos mecanismos evolutivos permitiram a existência da raça humana neste mundo, sem perceber começamos a participar de uma partida pelo futuro da Terra, pelo nosso futuro, e pelo futuro daqueles que amamos.
Nesta disputa o nome “partida” define bem o que está acontecendo ao nosso redor, pois vários animais estão partindo rumo a derradeira extinção. Troncos de árvores vão sendo partidos em nome da ambição. O solo está se partindo sob nossos pés, vítima da implacável erosão, causada por nossos atos insensatos. Mas principalmente, estamos partindo para um caminho sem volta no que diz respeito à salvação do meio ambiente e, conseqüentemente, de nossas vidas.
Realmente parece que não estamos entendendo (ou querendo entender) o jeito correto de se participar desta competição, e isso é péssimo, pois para se competir, é desejável que os participantes demonstrem um mínimo de aptidão e competência (algo que parece estar nos faltando).
Se alguém dúvida, basta olhar para o nosso comportamento, como por exemplo: mesmo sabendo dos recursos finitos em nosso planeta, estamos sempre jogando fora tudo o que aparentemente já não serve aos nossos caprichos superficiais, demonstrando muito pouco interesse em elaborar, aperfeiçoar ou mesmo praticar formas de reciclagem, que tentem aproveitar o que já tiramos da natureza através da reutilização de materiais.
Estamos competindo por nossa sobrevivência de forma individual, ignorando regras essenciais ao bem-estar geral, talvez por acharmos que não exista uma punição para estes tolos atos irresponsáveis. Quantos rios terão que morrer para criarmos consciência da importância de mudar nosso comportamento frente à utilização dos recursos naturais? Quantas florestas necessitarão ser devastadas para percebermos o quanto estamos errados? Quanto tempo ainda irá demorar até conseguirmos escutar os apelos de socorro da natureza?Somos Bilhões de indivíduos vivendo em uma sociedade consumista, pensando de forma egoísta coisas do tipo: “eu posso deixar a luz acesa”, “eu posso deixar a torneira aberta”, “eu posso jogar lixo na rua”, etc. E assim o ser humano vai poluindo, esbanjando e destruindo os recursos que estão a sua disposição, por achar que não precisa fazer a sua parte para evitar o desperdício. E com isso contribui para agravar cada vez mais a derrocada de todos, empurrando-nos diretamente ao precipício.Para piorar a situação, a cada dia aumentamos o número de jogadores em campo, sem perceber que quanto mais jogadores nascem pior o jogo fica para todos, pois os recursos são limitados frente a um consumo cada vez mais desenfreado.Muitos chamam a natureza de mãe, mas agem com ela como verdadeiros filhos da mãe.
Atuando como seres ingratos, que não sabem retribuir tudo que recebem de seu ventre de terra no qual pisamos, e por onde a vida corre em forma de água cristalina, bem como se renova de tantas maneiras milagrosas o ar que se respira, isso entre tantos outros presentes que destruímos tal qual crianças mimadas, que não sabem dar o devido valor ao que tem.Gastamos tempo e dinheiro construindo piscinas para diversão, mas somos incapazes de construir reservatórios que captem a chuva, visando a preservação. Nos calamos frente à ganância mundial que impede a criação de fontes alternativas de combustível, obrigando-nos a continuar envenenando o meio ambiente para que eles possam continuar lucrando com seus gigantescos poços de petróleo inglório.
Enfim, neste campeonato com trejeitos de guerra, onde o inimigo utiliza alcunhas como “desmatamento” e “poluição”, devemos rever nossas ações e atitudes, deixando de agir como atacantes vendidos, que ficam ajudando o time adversário, passando a atuar na defesa e preservação da natureza, pois somente assim poderemos ganhar uma chance de futuro.
Caso contrário, ao invés de desenvolvimento, seremos a primeira espécie a ser algoz de sua própria extinção.



E-mail: abrasc@terra.com.br

quinta-feira, 19 de março de 2009

Transmigração

Helga Holtz


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Basta sentir o peso do calor,
a voz rude dos que dominam,
o odor indisfarçável do real,
logo um sonho me transpõe,
busca teu sono para se acudir
e te fazer sonhar, transmigrar,
manchar com a fé nossa cama,
sensual castelo, firme, irreal.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Le voyer

No úmido porão, terra batida,
lar de escorpiões,
procura-se a greta entre as tábuas
do soalho
por onde se surpreenda a florescência
do corpo das mulheres
na sombra de vestido refolhados
que cobrem até os pés
a escultura cifrada.

Entro rastejante
dobro o corpo em dois
à procura da greta reveladora
de não sei que mistério radioso
ou sombrio
só a homens ofertado
em sigilo de quarto e noite alta.

Encontro, mina de ouro?
Contenho respiração.
Dispara o coração
no fim de longa espera
ao rumor de saias lá em cima
ai de mim, que nunca se devassam
por mais que o desejo aguce a vista
e o sangue implore uma visão
de céu e terra encavalados.

Nada
nada
nada
senão a sola negra dos sapatos
tapando a greta do soalho.

Saio rastejante
olhos tortos
pescoço dolorido.
A triste polução foi adiada.



Carlos Drummond de Andrade

Das paixões

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a nudez do teu corpo
é idéia que vaga solta
no campo da fantasia,
abre portas,
resuscita sonhos
e incendeia
as minhas emoções.

Ademir Antonio Bacca

sábado, 14 de março de 2009

Frases de Kahlil Gibran...

"Todo o trabalho é vazio a não ser que haja amor."


"Trabalho é amor tornado visível."


"Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores."



"A simplicidade é o último degrau da sabedoria."

Khalil Gibran

Homem encontra mulher pelo jornal

Muitíssimo interessante o inusitado anúncio de ?homem descasado procura...? que foi publicado em um jornal cearense e que, se não produziu o efeito almejado, porém, rendeu um mais do que bem humorado palavreado que mais parece termos contratuais, faltando apenas o já fora de moda reconhecimento de firma. Leia com atenção o anúncio e a resposta a este.

- Homem de 40 anos, que só gosta de mulher, após casamento de sete anos, mal sucedido afetivamente, vem através deste anúncio procurar mulher, que goste de homem, para compromisso duradouro, desde que esta preencha certos requisitos. Vale lembrar que as exigências deste senhor que, a partir de agora, passa a se denominar PRETENDIDO, são baseadas em suas relações, pós-divórcio, com outras mulheres que, a partir de agora, passam a ser denominadas PRETENDENTES e que deixaram marcas profundas em sua personalidade.

O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE tenha idade entre 28 e 40 anos, não descartando, evidentemente aquelas de idade abaixo do limite inferior, descartando as acima do limite superior.

Devem ter um grau razoável de escolaridade, para que não digam, na frente de estranhos: "menas vezes", "quando eu se casei", "pobrema no uter", "eu já se operei do apênis", "é de grátis", e outras pérolas gramaticais.

Os olhos podem ter qualquer cor, desde que sejam da mesma e olhem para uma mesma direção.

Os dentes, além de extremamente brancos, todos os 32, devem permanecer na boca ao deitar e nunca dormirem mergulhados num copo d'água.

Os seios devem ser firmes, do tamanho de um mamão papaia, cujos mamilos olhem sempre para o céu, quando muito para o purgatório, nunca para o inferno.

Devem ter consistência tal que não escapem pelos dedos, como massa de pão.

Por motivos óbvios, a boca e os lábios, devem ter consistência macia, não confundir com beiço.

A barriga, se existir, muito pequena e discreta, e não um ponto de referência.

O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE seja sexualmente normal, isto é, tenha orgasmos, se múltiplos melhor, mas mesmos os eventuais, quando acontecerem, que ela gema um pouco ou pisque os olhos, para que ele sinta-se sexualmente interessante. Independentemente da experiência sexual do PRETENDIDO, este exige que durante o ato sexual a PRETENDENTE não boceje, não ria, não fique vendo as horas no rádio relógio, durma ou cochile.

O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE não tenha feito nenhuma sessão de análise, o que poderia camuflar, por algum tempo, uma eventual esquizofrenia.

A PRETENDENTE deverá ter um carro que ande, nem que seja uma Brasília, ou tenha dinheiro para o táxi, uma vez que, pela própria idade do PRETENDIDO, ele não tem mais paciência para levar namorada de madrugada para casa.

Enviar cartas, com foto recente, de corpo inteiro, frente e costas, da PRETENDENTE, para a redação deste jornal, para o codinome: "CACHORRO MORDIDO DE COBRA TEM MEDO ATÉ DE BARBANTE".

RESPOSTA DA PRETENDENTE

- Prezado HOMEM DESCASADO, Li seu anúncio no jornal e manifesto meu interesse em manter um compromisso duradouro com o senhor, desde que (é claro) o senhor também preencha outros "certos" requisitos que os considero básicos!

Vale lembrar que tais exigências se baseiam em conclusões tiradas acerca do comportamento masculino em diversas relações frustradas, que só não deixaram marcas profundas em minha personalidade, porque "graças a Deus" , fiz "anos de terapia", o que infelizmente contraria uma de suas exigências!

Quanto a idade convém ressaltar que espero que o senhor tenha a maturidade dos 40 anos e o vigor dos 28, e que seu grau de escolaridade supere a cultura que porventura tenha adquirido assistindo aos programas do "Show do Milhão"...!

Seus olhos podem ser de qualquer cor desde que vejam algo além de jogos de futebol e revistas de mulher pelada e seus dentes devem sorrir mesmo quando lhe for solicitado que lave a louça ou arrume a cama.

Não necessário que seus músculos tenham sido esculpidos pelo halterofilismo, mas que seus braços sejam fortes o suficiente para carregar as compras.

Quanto a boca, por motivos também óbvios, além de cumprir com eficiência as funções a que se destinam as bocas no relacionamento de um casal, deve servir inclusive para pronunciar palavras doces e gentis e não somente: "PEGA MAIS UMA CERVEJA AÍ, MULHER!"

A barriga, que é quase certo que o senhor a tenha, é tolerável desde que não atrapalhe para abaixar ao pegar as cuecas e meias que jamais deverão ficar no chão.

Quanto ao desempenho sexual espera-se que corresponda ao menos palidamente "performance" daquilo que o senhor "diz que faz" aos seus amigos!... e que durante o ato sexual, não precise levar à cama os livros: "Manual do corpo humano", ou "Mulher, esse ser estranho"!

No que diz respeito ao item alimentação, cumpre estar atualizado com a lista dos melhores restaurantes, ser um bom conhecedor de vinhos e toda espécie de iguarias, além de bancar as contas, evidentemente.

Em relação ao carro, tornam-se desnecessários os trajetos durante a madrugada, uma vez que, havendo correspondência nas exigências que por ora faço, pretendo mudar-me de mala e cuia para a sua casa... meu amor!

Ass: A Cobra

quinta-feira, 12 de março de 2009

Reinvenção

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... - mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só - no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na treva,
fico: recebida e dada.

Cecília Meireles

quarta-feira, 11 de março de 2009

Frases...

"Há os que se queixam do vento. Os que esperam que ele mude. E os que procuram ajustar as velas." (William G. Ward)


"Não é uma mentira, se você acreditar nela." (Seinfeld)



"A ignorância não mede o quanto você desconhece, mas sim o quanto você é preso a suas verdades." (autor desconhecido)


"É uma verdade básica da condição humana que todo mundo mente. A única variável é sobre o quê." (House M.D.)

terça-feira, 10 de março de 2009

A mosca

Minimosca
Teu giro de verão
Minha mão à toa
Desmanchou.

Não sou eu
Mosca também?
Ou não és,
Como eu, ninguém?

Pois eu danço
E bebo e canto
Até que brusca mão
Me espanta.

Se pensamento
É ar no peito
E se é morte
Perdê-lo,

Então sou
Mosca feliz
Se eu vivo
Ou se vou

(Tradução de Regina de Barros Carvalho)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Os corvos

Ó Deus, quando frio é o prado,
Quando as aldeias se abalaram,
Os longos ângelus se calaram...
Sobre o mato descampado
Faça cair dos altos céus
Os queridos corvos deliciosos.

Estranho exército de gritos severos,
Ventos frios atacam vossos ninhos!
Vós, ao longo dos rios daninhos,
Nos caminhos de antigos calvários,
Nas covas e nas fossas
Dispersai-vos, agrupai-vos!

Aos milhares, nos campos de França,
Onde dormem mortos de ontem,
Volteiem, no inverno, afrontem,
Para que cada um repense!
Seja quem clama pelo dever
Ó nosso fúnebre pássaro negro!

Mas, santos do céu, no alto da árvore,
Mastro perdido na noite benta,
Deixem os pássaros de maio
Para quem na floresta acorrenta,
Da grama de onde não se foge,
A derrota sem futuro.

Arthur Rimbaud

sábado, 7 de março de 2009

Ar de noturno

AUTOR:MAIAKOVSKI

Tenho muito medo
das folhas mortas,
medo dos prados
cheios de orvalho.
eu vou dormir;
se não me despertas,
deixarei a teu lado meu coração frio.

O que é isso que soa
bem longe ?
Amor. O vento nas vidraças,
amor meu !

Pus em ti colares
com gemas de aurora.
Por que me abandonas
neste caminho ?
Se vais muito longe,
meu pássaro chora
e a verde vinha
não dará seu vinho.

O que é isso que soa
bem longe ?
Amor. O vento nas vidraças,
amor meu !

Nunca saberás,
esfinge de neve,
o muito que eu
haveria de te querer
essas madrugadas
quando chove
e no ramo seco
se desfaz o ninho.

O que é isso que soa
bem longe ?
Amor. O vento nas vidraças,
amor meu !

(tradução: William Agel de Melo)

sexta-feira, 6 de março de 2009

Vaidade




Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...E não sou nada!...

Florbela Espanca

Tu me chamas

Canção, parodiada do português por Lord Byron.
Tradução de João Cardoso de Menezes e Souza
(Barão de Paranapiacaba).

Em momentos de delícia,
Extática, embevecida,
Numa voz, toda carícia,
Tu me chamas: "Minha vida!"

Sentira, à frase tão doce,
Exultar-me o coração,
Se a nossa existência fosse
De perpétua duração.

Levam-nos esses momentos
Ao fim comum dos mortais.
Ou não saiam tais acentos
Dos lábios teus nunca mais,

Ou, mudando a frase terna,
"Minha alma", podes dizer.
Pois a alma não morre; eterna
Qual meu amor, há de ser.

quinta-feira, 5 de março de 2009

As nuvens são sombrias...

As nuvens são sombrias
Mas, nos lados do sul,
Um bocado do céu
É tristemente azul.

Assim, no pensamento,
Sem haver solução,
Há um bocado que lembra
Que existe o coração.

E esse bocado é que é
A verdade que está
A ser beleza eterna
Para além do que há.


Fernando Pessoa, 5-4-1931

quarta-feira, 4 de março de 2009

Ah! os relógios




Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

terça-feira, 3 de março de 2009

Leveza






Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.

E a cascata aérea
de sua garganta,
mais leve.
E o que lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.
E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.

Cecília Meireles

O medo

A Antonio Candido

"Porque há para todos nós um problema sério...
Este problema é o do medo."
(Antonio Candido, Plataforma de Uma Geração)



Em verdade temos medo.
Nascemos escuro.
As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.

E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
vadeamos.

Somos apenas uns homens
e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes.

Refugiamo-nos no amor,
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia,
ventava, fazia frio em São Paulo.

Fazia frio em São Paulo...
Nevava.
O medo, com sua capa,
nos dissimula e nos berça.

Fiquei com medo de ti,
meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.

Assim nos criam burgueses,
Nosso caminho: traçado.
Por que morrer em conjunto?
E se todos nós vivêssemos?

Vem, harmonia do medo,
vem, ó terror das estradas,
susto na noite, receio
de águas poluídas. Muletas

do homem só. Ajudai-nos,
lentos poderes do láudano.
Até a canção medrosa
se parte, se transe e cala-se.

Faremos casas de medo,
duros tijolos de medo,
medrosos caules, repuxos,
ruas só de medo e calma.

E com asas de prudência,
com resplendores covardes,
atingiremos o cimo
de nossa cauta subida.

O medo, com sua física,
tanto produz: carcereiros,
edifícios, escritores,
este poema; outras vidas.

Tenhamos o maior pavor,
Os mais velhos compreendem.
O medo cristalizou-os.
Estátuas sábias, adeus.

Adeus: vamos para a frente,
recuando de olhos acesos.
Nossos filhos tão felizes...
Fiéis herdeiros do medo,

eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
dançando o baile do medo.

Carlos Drummond de Andrade
in a Rosa do povo 1945

segunda-feira, 2 de março de 2009

Preconceito Linguístico






Título: PRECONCEITO LINGÜÍSTICO
Autor: Marcos Bagno
Formato: doc.


Descrição:
Existe uma regra de ouro na Lingüística que diz: "só existe língua se houver seres humanos que a falem".E o velho e bom Aristóteles nos ensina que o ser humano "é um animal político". Usando essas duas afirmações como os termos de um silogismo (mais um presente que ganhamos de Aristóteles), chegamos à conclusão de que "tratar da língua é tratar de um tema político", já que também é tratar de seres humanos. Por isso, o leitor e a leitora não deverão se espantar com o tom marcadamente politizado de muitas de minhas afirmações. É proposital; aliás, é inevitável. Temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que a falam.
O preconceito lingüístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo... Também a gramática não é a língua. A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma culta. Essa descrição, é claro, tem seu valor e seus méritos, mas é parcial (no sentido literal e figurado do termo) e não pode ser autoritariamente aplicada a todo o resto da língua - afinal, a ponta do iceberg que emerge representa apenas um quinto do seu volume total. Mas é essa aplicação autoritária, intolerante e repressiva que impera na ideologia geradora do preconceito lingüístico.


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Motivo


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

domingo, 1 de março de 2009

Frases e Pensamentos

"O único homem que nunca comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de errar, pois você aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo erro."
Theodore Roosevelt

"Não importa o que as outras pessoas falem de você, o importante é que você continue a pessoa que sempre foi. Se mudar mude para melhor."
Theodore Roosevelt

"A mais profunda raiz do fracasso em nossas vidas é pensar, 'Como sou inútil e fraco'. É essencial pensar poderosa e firmemente, 'Eu consigo', sem ostentação ou preocupação."
Dalai Lama

"Estou sempre alegre - essa é a maneira de resolver os problemas da vida."
Charles Chaplin

"Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário."
Albert Einstein

"Todos ganham presentes, mas nem todos abrem o pacote."
Nei Ferrarini