sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Carta


Assim não se esperam cartas.
Assim se espera - a carta.
Pedaço de papel
Com uma borda
De cola. Dentro - uma palavra
Apenas. Isto é tudo.

Assim não se espera o bem.
Assim se espera - o fim:
Salva de soldados,
No peito - três quartos
De chumbo. Céu vermelho.
E só. Isto é tudo.

Felicidade? E a idade?
A flor - floriu.
Quadrado no pátio:
Bocas de fuzil.

(Quadrado da carta:
Tinta, tanto!)
Para o sono da morte
Viver é bastante.

Quadrado da carta.

1923

Tradução de Augusto de Campos

Nova Antologia Poesia Russa Moderna
Editora Brasiliense/1985

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