Eu tinha doze ou treze anos quando meu pai comprou a máscara apertada. Fez grande esforço para ajustá-la no meu rosto.
No entanto, fui crescendo, e ela , já opressiva em minha infância, foi cumprindo a missão de torno voraz, de prensa irreversível.
Nas noites de verão, que eram tão temidas na minha aldeia,as secas paredes da máscara, com seus estalos, me assombravam.
Saía então a procurar um amigo, um poeta, um pároco, ansiando que me explicassem o que diziam tais sinais.
Épocas turvas se passaram até que ela, toda rachada, pusesse, à mostra, pelas frestas, algo do monstro que nascia.
Alberto da Cunha Melo
(In Poemas Anteriores. Recife: Ed. Bagaço, 1989)
(In Poemas Anteriores. Recife: Ed. Bagaço, 1989)
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